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Crescimento acelerado, fiscalização precária: em São Paulo, a expansão urbana pode estar fora de controle.

Por: Alexandre Soares

A Prefeitura de São Paulo comemorou recentemente a chegada de mais de 10 mil empresas de fora da capital apenas no primeiro semestre de 2025, impulsionada — segundo o município — por fatores como segurança jurídica, transparência e agilidade nos processos de licenciamento. No entanto, essa narrativa de sucesso esconde um problema crônico que ameaça a qualidade da urbanização e o equilíbrio no uso do solo na cidade: a insuficiência de fiscais de posturas para garantir que as atividades comerciais, industriais e de serviços estejam em conformidade com as normas municipais.

O paradoxo da expansão sem controle.

Enquanto o discurso oficial exalta a vinda de novos empreendimentos, bairros inteiros convivem com o avanço de comércios irregulares, atividades em desacordo com a legislação de zoneamento, bares com funcionamento fora do horário permitido, construções ilegais e uso indevido de calçadas. Situações que, na ausência de fiscalização efetiva, prejudicam moradores, trabalhadores e as próprias empresas que cumprem a legislação.

Dados preocupantes

Segundo informações obtidas com base na Lei de Acesso à Informação, dos 493 fiscais que há na cidade de São Paulo, em torno de 96 estão em abono de permanência, ou seja, reúnem condições para se aposentar a qualquer momento. 

Atualmente mais de 330 mil demandas aguardam encerramento na maior cidade da América Latina, que deveria ter por lei, 1.201 fiscais de posturas. 

Em 2023, a cidade contava com menos de 326 fiscais de posturas em atividade, número que permanece praticamente inalterado há mais de uma década, mesmo diante do crescimento populacional e econômico da capital, que em meados dos anos 2003/2004 chegou a ter mais de 700 fiscais. 

Empresas sérias também exigem ordem urbana

O discurso de que São Paulo se tornou um polo de atração empresarial graças à segurança jurídica e à transparência não se sustenta se, na prática, faltam servidores para garantir o cumprimento da legislação urbanística, ambiental e de uso do solo.

É contraditório exigir que empresas cumpram regras — como recuos, limites de ruído, funcionamento em horário permitido — se o poder público não fiscaliza, não aplica sanções e sequer tem estrutura mínima para responder denúncias de irregularidades.

Empresas sérias buscam estabilidade, mas também previsibilidade e equidade na aplicação das normas. Quando a fiscalização é frágil ou inexistente, o ambiente de negócios se torna caótico: os que seguem as regras se sentem prejudicados, enquanto os que desrespeitam prosperam pela omissão do poder público.

Qual a prioridade da cidade?

O crescimento econômico e a atração de investimentos devem, sim, ser celebrados. Mas é preciso garantir que esse crescimento seja sustentável, ordenado e respeite os direitos da população e dos empreendedores regulares. Para isso, é fundamental que a Prefeitura:

Convoque os aprovados no recente concurso para reposição e ampliação do quadro de fiscais;

Ofereça transparência nos dados sobre distribuição dos fiscais por subprefeitura;

Garanta estrutura logística, tecnológica e legal para atuação eficiente dos fiscais de posturas.

Conclusão

A São Paulo que atrai milhares de empresas precisa ser também a São Paulo que fiscaliza, organiza e garante o respeito às normas urbanísticas. Sem fiscais de posturas em número suficiente, a tão propagada “segurança jurídica” se transforma em retórica vazia — e a cidade corre o risco de crescer de forma desordenada, às custas da qualidade de vida de sua população.

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Sindicato dos Fiscais de Posturas Municipais,  Agentes Vistores e Agentes de Apoio Fiscal do Município de São Paulo.

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